“Em momentos felizes como em momentos tristes, Namo Amida Butsu!”
O 24º Patriarca do Templo Hongwanji, matriz mundial, Koshin Otani (1945-) reflete sobre a recitação do Nome do Buda Amida em seu livro Ao ser facultado a viver este momento, publicado em Kyoto em 2014.
Vê-se a orientação a respeito da vida cotidiana na Essência do Shin Budismo da Terra Pura: “Guiado pelos ensinamentos do Mestre Shinran, ouço o chamado compassivo do Tathagata Amida. Recitando o Nembutsu, sem recorrer a súplicas, reflito sempre sobre minha conduta e, na tristeza dos meus erros e na alegria regozijante, levo uma vida de gratidão e retribuição por todos os benefícios.”
Cada recitação do Nome do Buda Amida se torna um recurso para nós refletirmos sinceramente sobre nós mesmos. Segundo o Patriarca, isso é bem expresso no seguinte hino escrito pelo Mestre fundador Shinran (1173-1263):
“O Poder do Voto é infinito; assim, mesmo os nossos graves carmas maléficos não podem impedi-lo. A Sabedoria do Buda é imensurável; assim, mesmo as pessoas, repletas de paixões ferozes e cegas, não são abandonadas”.
(Shozomatsu Wassan, nº 37)
Koshi Otani continua: “é penoso refletir seriamente sobre a vida. Há o que não queremos lembrar. Abrangidos pelo Buda Amida, porém, podemos ser encorajados a observar os aspectos penosos e desagradáveis da vida. Não precisamos ocultar ou mascarar a nós mesmos em meio à compaixão do Tathagata Amida”.
Ele lembra que, “tempos atrás, um praticante me disse que sua recitação do Nome do Buda soava como ‘não é bem assim como você pensa’.” Quando você se sente superior e julga estar no centro do mundo, a expressão ‘não é bem assim como você pensa’ lhe parece uma advertência rigorosa. Quando você se queixa e menospreza sua própria vida, o Nome do Buda soa de forma gentil. Nos dois casos, há uma ressonância amena. Estar em meio à compaixão é sentir o Buda caloroso, gentil e rigoroso. Ao considerar que o critério para questionar a si mesmo pertence ao Buda, sua própria reflexão sobre a vida será diferente.
A tradução das passagens do Ao ser facultado a viver este momento foi revisada pela Reverenda Maria Angela Andrade, que começou a participar da edição do nosso boletim a partir deste ano.
Rev. Keizo Doi
Monge Regente do Templo Shin Budista de Brasília