Em busca incessante da justiça, ficamos cada momento mais amarrados ao ciclo de rancores e prazeres. Nesse sentido, a lei não é algo essencialmente apaziguador. O Buda Shakyamuni dizia no Suttanipata:
Há quem discurse baseado em raiva.
Há quem discurse baseado em verdade.
Os sábios não se aproximam das discussões que se deram.
Assim, em nenhum caso eles se atormentam. (Dutthatthakasutta)
No budismo, a lei é chamada também de dharma ou dhamma. O Dhammapada começa com os seguintes versos:
Todos os fenômenos começam a partir do coração:
Eles são feitos e dominados pelo coração.
Aja ou fale com o coração corrompido
Que o sofrimento virá em seguida,
Da mesma forma como a roda da carroça segue as pegadas do boi. (1)
Todos os fenômenos começam a partir do coração:
Eles são feitos e dominados pelo coração.
Aja ou fale com o coração sereno
Que a felicidade virá em seguida,
Da mesma forma como a sombra acompanha seu objeto e nunca o abandona (2)
“Ele me maltratou, me golpeou, me derrotou, me roubou”
Para aqueles que abrigam pensamentos como esses
O ódio nunca será apaziguado. (3)
O ódio não se extingue por outro ódio.
O ódio se extingue ao abandoná-lo.
Essa é a lei eterna. (5)
O Buda Shakyamuni denominou este mundo que vivemos como saha: lugar para aturar os sofrimentos. Nesse ambiente o coração de cada um de nós é a única fabricante da tranquilidade. A fim de visar a tal paz, é preciso deixar de supor que alguém ou algum objeto nos proporcione ou desproporcione a felicidade.
Rev. Keizo Doi
Monge Regente do Templo Shin Budista de Brasília