A comunidade do Budismo Shin no Brasil surgiu em 1950, sob a liderança do primeiro chefe do escritório da Missão Sul-Americana Kakusho Yomura (1892-1975).
O intuito da missão era unificar os templos e grupos budistas, em todo o Brasil, pertencentes à comunidade nipo-brasileira, que estava dividida pela disputa entre os partidários da “vitória” (kachigumi) e da “derrota” (makegu-mi) do Japão, na segunda grande guerra.
Em 1954, a comunidade Shin Budista do Brasil recebeu a visita do 23º patriarca Kosho Otani que autenticou a Missão Sul-Americana, formando 33 ordenados e realizando as cerimônias de iniciação em diversos locais do país.
Em 1955, a Comunidade Shin Budista Honpa Hongwanji do Brasil foi oficialmente reconhecida como instituição religiosa.
Os devotos do Budismo Shin, nesta região, ainda eram poucos, na época em que Brasília tornava-se capital. Em 1966, segundo o registro do Rev. Honin Kobara, terceiro bispo da Comunidade Budista Sul-Americana do Honpa Hongwanji, havia cerca de 300 japoneses em Brasília. Entre estes, por volta de 100 adeptos da nossa escola Shin Budista
1957– Setsugo Nishi e João Ichizo Ofuji iniciam um movimento de petição junto ao governo federal para a cessão de um terreno onde seria erguido o templo budista.
1959 – Pouco antes da inauguração de Brasília, a Associação Budista Sul-Americana recebe a confirmação oficial do Governo Brasileiro.
1961 – O Templo Matriz consagra a imagem do Buda do Templo Hongwanji de Brasília.
1964 – Com a visita do patriarca Shonyo, efetuava- se em 3 de junho a cerimônia do lançamento da pedra fundamental do Templo.
1971 – Ryukei Kitajima, 5º superintendente da Federação Shin Budista Sul Americana, enviado pela Matriz com a missão de construir o Templo de Brasília, consegue dar início às obras.
1972 – João Ofuji falecia em acidente automobilístico ocorrido durante a compra de materiais para a construção do templo.
1973 – Cerimônia de Inauguração do Templo Hongwanji de Brasília, com a presença do patriarca Shonyo em sua quinta visita apostólica ao País.
2014 – O Templo é tombado como patrimônio cultural de Brasília.
2023 – Templo completa 50 anos de atividades.
Construído em estilo Shishinden, o Templo Shin Budista se destaca na moderna arquitetura de Brasília. A sua referência mais imediata é o templo Shin Budista Reisenji na província de Fukui, no Japão, construído entre 1336 e 1573.
O conjunto arquitetônico do Templo é formado por dois portais, o pórtico da entrada, a casa do sino, e o edifício principal. Os dois portais, mais comuns em templos xintoístas, não são habituais no Shin Budismo. Simbolizam purificação para quem os cruza. Em um dos portais, está escrito Serenidade, e no outro, Pureza.
Após atravessar o pórtico de entrada, uma escadaria de 20 degraus nos leva ao nível do Templo propriamente dito. Neste patamar superior, cercado de varandas, encontra-se a nave.
O grande sino (Bonshô) tem mais de uma tonelada e foi construído pelo fundidor japonês Tetsujo Iwasawa. Foi concedido ao templo em 1990, quando se inaugurou também a casa do sino. Com projeto do arquiteto Jun Ito, o campanário está localizado à direita do edifício principal, cercada por um jardim.
Construído em 1977, o Bonshô de Brasília tem uma história que o antecede. Na Segunda Guerra Mundial, o Japão usou mais de 50 mil sinos como matéria-prima para fabricar armas. Iwasawa começa a produzir sinos justamente para homenagear amigos mortos na guerra. Ajuda e repor o Bonshô de muitos templos e resgata um símbolo da paz.
A estátua do Mestre Shinran Shonin representa a figura do peregrino que ele foi em vida: chapéu, cajado e chinelos, ítens comuns aos monges errantes da sua época.
Após ter cumprido pena de exílio, Shinran caminhou pelo país, aprofundando o ensinamento que recebera de seus mestres e difundindo-o entre o povo que vivia as calamidades da guerra, da fome e dos terremotos.
A peça foi doada à comunidade Shin Budista de Brasília pelo empresário japonês Seiichi Hirose, em 1964, ano em que também foi lançada a pedra fundamental do templo. Seiichi Hirose era conhecido por ter transferido, de Hiroshima para Nova Iorque, uma estátua do Mestre Shinran que resistiu à bomba atômica.
A nave encontra-se instalada no alto do edifício principal, conferindo monumentalidade e o caráter religioso próprio de um templo budista japonês. Ao adentrar ao templo – sempre com os pés descalços- avista-se ao fundo três altares, em nível mais elevado que o piso. Destaca-se, no altar principal, naijin, o retábulo gokuden todo dourado e ricamente decorado, de acordo com modelo dos templos Shin Budistas, no Japão.
O altar central do templo representa uma das estruturas da Terra Pura. É a réplica da arquitetura de um palácio japonês. Abriga, ao centro, a imagem do Buda Amida ou Amitaba, o Buda simbólico reverenciado nesta escola budista.
A imagem dourada, no centro do altar, representa o Buda Amida, em pé, sobre uma flor de lótus estilizada. Buda Amida é a representação da Luz Infinita e da Vida Imensurável, símbolo da Sabedoria e da Compaixão, essência do Shin Budismo da Terra Pura. Amida tem um comprometimento especial com a iluminação de todos os seres indistintamente e com o nascimento na Terra Pura. Traz, por isso, um mudra (gesto da mão) que indica a sua busca por todos os seres.
A imagem, doada pelo templo matriz de Kyoto, onde foi consagrada, chegou a São Paulo em 1961.
Foi instalada, cinco anos depois, no templo provisório de Taguatinga e está, desde 1973, no templo de Brasília.
À esquerda da nave vê-se um painel com a representação da Terra Pura (Sukhavati-vyuha).
É o reino dos seres iluminados, purificados das paixões e impurezas humanas. É um lugar de luz, paz, bem-aventurança e plenitude que se opõe à dor e ao sofrimento (Dukkha) que vivenciamos na nossa existência.
A recitação do nome de Amida – Namo Amida Butsu ou Namandabu – com mente-coração confiante leva ao nascimento na Terra Pura.
Os dois altares laterais, situados mais ao fundo do altar central, trazem as estampas de Shinran Shonin (à direita), fundador do Shin Budismo da Terra Pura, e de Rennyo Shonin (à esquerda), que deu continuidade à obra de Shinran Shonin.
À direita do altar central, encontra-se ainda a imagem dourada do Buda Shakyamuni, o Buda histórico, oferecida pelo Governo da Tailândia. E, à esquerda, um pequeno altar de homenagem aos antepassados.
Nossas visitas ocorrem quinzenalmente, aos sábados de Feira. A visita é gratuita e não é necessário agendamento. Para conferir a agenda de visitas, nos acompanhe nas redes sociais.
1987: Nasce em Hiroshima, Japão.
2003: Recebe a ordenação (Tokudo) da Escola Hongwanji do Shin Budismo da Terra em Kyoto, Japão.
2010: Forma-se na Faculdade de Letras da Universidade Ryukoku, em Kyoto.
2011: Recebe o título professor (Kyoshi) da Escola Hongwanji do Shin Budismo da Terra Pura, em Kyoto.
2012: Conclui o mestrado em Estudo do Shin Budismo pela Universidade Ryukoku.
2013: Serve no Templo Sede (Betsuin) de São Paulo.
2018: Responsável pelo Templo Honpa Hongwanji do Rio de Janeiro.
2022: Responsável pelo Templo Honpa Hongwanji de Brasília.
Setsugo Nishi (1971-1973) Regente interino
Toen Mishima (1973-1979) Rinban
Shoki Nikkei (1973-1976) Vice-rinban
Keishin Kawamoto (1976-1977) Joshi
Tesshu Momoi (1977-1978) Vice-rinban
Kyojun Ue (1978-1980) – Vice-rinban
Shin Okyu (1980-1981) Regente)
Murilo Nunes de Azevedo (1983-1989) Regente interino
Koshin Miki (1984) Kinmu
Kyoya Imai (1988-1990) Sankin
Kyoya Imai (1990-1992) Regente
Anjo Nakabayashi (1992-1994) Regente interino
Shojo Sato (1998) Regente interino
Entai Yassunaka (2000-2001) Regente enviado
Hirogazu Ishida (2001-2004) Kinmu
Shojo Sato (2007-2021) Regente
Tensho Haritani (2009-2010) Sankin